A resposta dessa pergunta felizmente envolve algo além do simples exercício da língua portuguesa, a História (afinal, o que não envolve História?). Podemos dizer que ao final da Idade Média já foram registrados os primeiros manuscritos ibéricos em uma versão arcaica do português, neles, podemos identificar diversas formas antigas de escrever algo com um único sentido: historia, hestoria, istoria e até mesmo estorea. Com o passar do tempo, o processo de evolução e padronização da língua acabou por coroar o termo história como definitivo.
Entretanto, em um passado mais recente, algo que remete ao final do século XIX e início do século XX, algumas variantes passaram a ser utilizadas no intuito de diferenciar o sentido da palavra. A palavra "História" (com H maiúsculo) passou a ser usada para se referir ao método científico de investigação, análise e narração de eventos passados. Em 1919 o historiador (e membro da Academia Brasileira de Letras) João Ribeiro (foto) propôs o resgate do antigo termo "estória" para se referir às narrativas folclóricas (um de seus objetos de estudo), sem qualquer compromisso com a verdade, reservando ao termo "história" (com h minúsculo) o sentido de narrativa de fatos reais. João Ribeiro se inspirou nos termos "story" e "history" da língua inglesa, uma forma simples de especificar um sentido.
A resistência entre os intelectuais ao uso e delimitação entre história e estória leva essas barreiras a um nível menos formal que a diferenciação entre História e história, que já é tido como indiscutível. Deve-se logicamente priorizar o uso das palavras mais aproximadas do entendimento do público leitor.
Observe:
História: com "H" maiúsculo é a maneira correta de se referir à ciência investigativa.
Na escola nós aprendemos História. Um historiador é um cientista da área de História.estória: é um termo usado por alguns intelectuais para se referir a narrativas sem compromisso com a verdade, algo "frequentemente mirabolante e inverossímil", como lendas e mitos. Na prática isso é apenas o usual, como não existe consenso, muitos professores (e até mesmo dicionários) recomendam a não utilização do termo.
A Dona Carochinha conhece muitas estórias. Muitos professores alertam para não confundirem livros de História, escritos por historiadores, com livros de estória, escritos por jornalistas.história: com "h" minúsculo, já foi por muito tempo a única grafia disponível, trata-se de um sinônimo para narrativas, podendo ser verdadeiras ou meras ficções. Em textos em que o termo "estória" aparece, provavelmente "história" assume um caráter "narrativa verídica".
As histórias da Segunda Guerra Mundial são muito populares entre os estudantes do ensino médio. Ninguém sobreviveu ao acidente de carro para poder contar a história.
http://www.infonet.com.br/luisantoniobarreto/ler.asp?id=107170&titulo=Luis_Antonio_Barreto
http://www.ciberduvidas.com/controversias.php?rid=893
http://veja.abril.com.br/blog/sobre-palavras/consultorio/historia-x-estoria-um-conflito-historico/
Bruno Henrique Brito Lopes
Graduando em História pela Universidade Católica de Pernambuco.
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